domingo, 18 de janeiro de 2015

O SILÊNCIO SOBRE OS ATAQUES COMETIDOS POR RADICAIS ISLÂMICOS NA NIGÉRIA.
 
Enquanto os jornais noticiam diariamente novas informações sobre os atentados contra os chargistas que trabalhavam na revista Charlie Hebdo, na Nigéria os ataques cometidos por radicais islâmicos já somam aproximadamente 2 mil mortos.
 
A Nigéria é uma república constitucional federal, formada por 36 estados e o território da capital federal, Abuja. A população de aproximadamente 174 milhões de pessoas, é dividida em diferentes grupos étnicos. 50% dessa população é adepta ao islamismo. A religião islâmica chegou na Nigéria ainda no século IX e espalhou-se para as grandes cidades no século XVI.
 
Esses ataques terroristas na Nigéria foram atribuídos ao grupo Boko Haram, organização fundamentalista islâmica que busca a imposição da lei Sharia, combatendo a corrupção do governo, a falta de pudor das mulheres, a prostituição e outros vícios.
 
 
Símbolo do grupo Boko Haram, que significa obedecer a lei através da força.
 
Atualmente o Boko Haram apoia outros grupos terroristas como o Estado Islâmico e a Al-Qaeda. As três organizações culpam os cristãos por conta da influência cultural que o ocidente exerce no cotidiano de suas mulheres e crianças. No entanto, o grupo Boko Haram propaga o medo e o terror na população nigeriana como forma de resistência à entrada da cultura ocidental. 

Em menos de cinco dias os radicais do Boko Haram mataram mais de 2 mil pessoas em aldeias nigerianas. Em um ano o grupo foi responsável por mail de 10 mil mortes. Mulheres, crianças e idosos foram as maiorias vítimas desses atentados. Ao redor da aldeia de Chibok mais de 200 mulheres foram raptadas. Em vilarejos o número de crianças órfãs ainda não foi informado. 

Nos últimos dias os radicais incendiaram povoados, enquanto atiravam indiscriminadamente. Um dos sobreviventes comentou que corpos também queimavam no meio da rua. No entanto, o caso mais absurdo foi o da utilização de uma "menina-bomba" em um atentado que matou 20 pessoas na cidade de Maiduguri.

A pergunta que não quer calar: Por qual motivo as mulheres são o alvo principal de grupos extremistas islâmicos? As mulheres trariam consigo um "mal" que corromperia a alma do homem e por esse motivo elas precisariam ser castigadas?

É notável que nas obras que são os alicerces das três principais religiões monoteístas (judaísmo, cristianismo e islamismo), as mulheres são representadas de duas formas: As que trouxeram a corrupção para o homem através da luxúria e da descrença; e as que simbolizam o ideal de pureza, que inspiram à maternidade, submissão ao marido e em alguns casos à ausência de interesse pelo conhecimento filosófico. 

Alguns pesquisadores apontam que a submissão feminina não ocorre apenas por conta da herança religiosa, mas parte também da cultura patriarcal. Mas a tradição patriarcalista não é a marca dos próprios escritos que fundamentam filosoficamente essas três religiões?

Não quero aqui polemizar e desrespeitar o credo de ninguém, mas é de extrema importância buscar um diálogo que possa romper aos poucos com esse tipo de tratamento dado às mulheres. Em alguns locais a mulher é proibida de estudar e de frequentar escolas ou universidades.

Apesar das mulheres serem as principais vítimas nessas ofensivas, outras práticas culturais estão sendo fortemente reprimidas. Em uma das aldeias nigerianas o grupo Boko Haram proibiu terminantemente a reunião das pessoas para assistirem jogos de futebol.

A liberdade tornou-se a expressão mais comentada nesses últimos anos. Apesar de alguns deturparem o seu uso, ela deve ser um tema exaustivamente debatido, pois nenhum credo pode impedir a liberdade das pessoas de ir e vir; e de fazer as suas próprias escolhas. Sem dúvida o estado também é culpado pelo crescimento repentino desses grupos extremistas, pois quando ocorre a ausência do poder que emana dele, a própria população trata de criar micro-poderes na tentativa de suprir essa carência.  


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 


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