sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Resenha do filme: Os homens que não amavam as mulheres.




Crítica

Os homens que não amavam as mulheres (2009) é o primeiro filme da trilogia Millennium. As duas sequências são intituladas em português: A menina que brincava com fogo e A rainha do castelo de ar. A trama do diretor Daniel Alfredson, foi fruto da literatura investigativa do escritor sueco Stieg Larsson. O filme é intrigante e inovador, pois aborda duas histórias paralelas sobre os maus tratos à mulheres. O primeiro caso é o da garota Harriet Vanger, que desapareceu aos 14 anos de idade sem deixar rastros. Quase quarenta anos depois o jornalista Mikael Blomqvist (Michael Nyqvist) recebe a missão de escrever a história de Vanger. O que ele não sabia é que entraria em uma trama investigativa com a jovem hacker Lisbeth Salander (Noomi Rapace), ao escavar o passado nebuloso dessa família.
  
O segundo caso de maus tratos é o da própria Lisbeth, que se entrelaça com o primeiro. A garota de visual andrógeno, na verdade guarda em seus brutos modos a marca de uma vida difícil, pois foi desde a infância vítima de estupro. Lisbeth é a representação da mulher contemporânea, que ainda sofre com a falta de punição contra a violência feminina. Como o "poder que vem de cima" não pode ampará-la, o "que vem de baixo", ou seja, das artimanhas femininas, ajuda-a na minimização das injustiças. 


Esse assunto já foi tema de muitos estudos sobre gênero. A historiadora Maria Odila Leite, por exemplo, escreveu um livro intitulado Cotidiano e Poder, onde aborda os dribles femininos contra as incertezas desse cotidiano que coloca a mulher sempre em segundo plano. Michelle Perrot no livro As mulheres ou os silêncios da história, também discute o papel da mulher na sociedade patriarcalista. 


Enfim, o filme não tenta traçar uma perspectiva feminista através da "anti-heroína" Lisbeth Salander, mas tenta abrir os olhos do espectador para que o mesmo perceba que não é só em países de terceiro mundo que esses maus tratos acontecem, mas também nos de primeiro, como é o caso da Suécia.     











domingo, 2 de outubro de 2011

História do Cinema para os iniciantes.

Existem algumas pessoas que se interessam em conhecer um pouco mais sobre a história do cinema, mas não sabem por onde começar. Nesse espaço farei algumas sugestões dos estilos cinematográficos que marcaram a forma de fazer a 7ª arte.

Em 1895, no Salão Grand Café de Paris, os Irmãos Lumière fizeram uma apresentação experimental num aparelho chamado cinematógrafo. Chamaram essa filmagem de A chegada do trem na estação. Algumas pessoas que presenciaram o evento ficaram assustadas porque pensavam que iam ser atropeladas pelo trem.


Um ano depois o ilusionista francês Georges Méliès modificou as concepções do fazer cinematográfico. O que antes era apenas um experimento científico, passou a ser pensado pioneiramente por Méliès como um meio de entreter as pessoas. No filme A viagem à Lua, de apenas 14 minutos, já estão presentes alguns efeitos especiais. 


Em 1915, os filmes já haviam aumentado de tamanho e qualidade, pois Thomas Edison já tinha criado a técnica de edição de imagens dois anos antes. O número de pessoas que tinha acesso ao cinema também foi crescendo, mas a maioria que se interessava por essa arte pertencia as classes baixas. O filme O nascimento de uma nação, do diretor D. W. Griffith, fez muito sucesso nos Estados Unidos. 

 

Na década de 1920, surgiram diversos estilos cinematográficos. O Expressionismo Alemão, por exemplo, trazia como marca a distorção de cenários e personagens. Os diretores de cinema foram influenciados pela pintura expressionista, remontando nos filmes um jogo de luz e sombra. O Gabinete do Doutor Caligari, do diretor alemão Robert Wiene, é um dos clássicos desse estilo. 

  

Outro estilo desse período foi o Impressionismo Francês. Fernando Mascarello aponta que naquela época o cinema era experimental e o impressionismo possuía características peculiares como, por exemplo, proezas técnico estilísticas sobre-impressões e planos subjetivos. Trocando em miúdos, a imagem, como na pintura, tinha a finalidade de causar impressões. O filme Eldorado, de 1921, apresenta essas características.


O cinema soviético também criou estilo próprio no período, chamado Construtivismo Russo. A montagem dialética do diretor Serguei Eisenstein predominou, caracterizando-se pela contraposição de imagens. No filme O Encouraçado Potemkin (1925) encontramos essa técnica e a veia reacionária do diretor.

 

O surrealismo também foi um estilo ligado às artes plásticas e tinha como principal interesse apresentar a realidade interior e exterior como processo de unificação. Os diretores ligados à essa vanguarda tinham pretensões de mudar o mundo. O maior expoente do período foi o cineasta espanhol Luis Buñuel, com o filme co-dirigido por Salvador Dali, Um Cão Andaluz (1928).  

    

No fim da Segunda Guerra Mundial o cinema modificou o seu foco. Deixou de ser somente uma expressão artística e passou a ser um veículo de denúncia dos problemas da realidade. A Itália criou o Neorrealismo Italiano com a finalidade de apresentar para o mundo a realidade social e econômica que o país estava passando. Roberto Rosselini (Alemanha, Ano Zero), Luchino Visconti e Vittorio De Sica são os expoentes dessa vanguarda. O filme de Vittorio De Sica, intitulado Ladrões de Bicicleta, traz consigo o drama da devastação deixada pela Segunda Guerra Mundial na Itália. 

  

A Nouvelle Vague foi uma escola cinematográfica que surgiu na França e tinha por interesse contestar e transgredir as regras aceitas pelo cinema comercial. Os diretores desses filmes eram jovens e estavam interessados em modificar a estrutura narrativa linear. Godard, Chabrol e François Truffaut foram os expoentes desse estilo vanguardista. Os incompreendidos (1959), do diretor Truffaut, foi um marco no cinema francês. 



No Brasil, cineastas influenciados pelo Neorrealismo Italiano e pela Nouvelle Vague, criaram o Cinema Novo, que consistia em criar filmes mais realistas. Os planos sem cortes são marcas desse estilo. Cacá Diegues, Nelson Pereira dos Santos e Glauber Rocha foram expoentes dessa geração. O filme Terra em transe (1967), do diretor Glauber Rocha, traz uma crítica social e política sobre o Brasil.     










sexta-feira, 30 de setembro de 2011

10 livros de literatura pra ler antes de morrer.

1 - Crime e Castigo, do escritor russo Fiódor Dostoiévski, foi um livro escrito no século XIX, mas traz até hoje reflexões oportunas sobre a humanidade. Trata-se de um romance psicológico que evoca muitos sentimentos, entre eles o da autopunição para alcançar a redenção. O existencialismo é marca preponderante dessa obra. Sugiro para os brasileiros a tradução da Editora 34. Desse mesmo autor recomendo a leitura dos livros Os irmãos Karamázov e Memórias do Subsolo. 



2 - Cem anos de solidão, do escritor colombiano Gabriel Garcia Márquez, é um livro que traz a marca do realismo mágico. Seus inúmeros personagens chamam a nossa atenção por se entrelaçarem nas tramas surrealistas tecidas pelo autor. Memórias de minhas putas tristes e O amor em tempos de cólera são também leituras imperdíveis. 


3 - A Divina Comédia, do escritor italiano Dante Alighieri, é um livro que nos faz mergulhar no pensamento medieval e na visão cosmogônica de mundo. A obra é dividida em três partes: O inferno, o purgatório e o paraíso. Alguns personagens são figuras conhecidas do povo italiano. Sem dúvida, Dante marcou o pensamento filósofico-teológico. Ps: As melhores edições são aquelas que possuem gravuras do desenhista Gustave Doré. 


4 - Histórias Extraordinárias, do escritor americano Edgar Allan Poe, é um clássico da literatura. O livro traz contos bem construídos e com finais inesperados. Poe, que influenciou uma série de outros autores, trabalha com sentimentos tétricos existentes um pouco em cada um de nós. Vale a pena conferir a obra completa desse autor, pois, além dos contos de terror e morte, encontramos os contos policias (Os crimes da Rua Morgue), os filosóficos (O Silêncio), entre outros.

   
5 - A mulher de trinta anos, do escritor francês Honoré de Balzac, é um dos seus livros mais lidos em todo o mundo. O romance é dividido em seis partes e trata de análises psicológicas em torno do amadurecimento feminino. O termo a idade balzaquiana ainda hoje é utilizado no Brasil.  


6 - A metamorfose, do escritor alemão Franz Kafka, é um livro que denuncia a repulsa da sociedade por indivíduos que não seguem os padrões estabelecidos. O personagem Gregor, ao se transformar num inseto, desespera-se com os absurdos do mundo e com a sua família que o rejeita. A metamorfose do personagem vai além do físico, alcançado também comportamentos, atitudes, sentimentos e opiniões. Ps: O Processo é uma outra grande obra do autor que merece ser lida. 


7 - Memórias Póstumas de Brás Cubas, do escritor brasileiro Machado de Assis, é um livro que rompe com a narração linear. Além disso, foi considerada a obra que iniciou o Realismo no Brasil, retratando o Rio de Janeiro com pessimismo e ironia. Ainda estão presentes nesse livro discussões em torno de temas como escravidão, exclusão social e cientificismo.


8 - Ensaio sobre a cegueira, do escritor português José Saramago, é um livro que começa a narrar casos individuais de pessoas que cegam inesperadamente (Cegueira branca). Esse mal acaba assolando a maior parte da população e, por isso, a sociedade sofre um retrocesso. A moral é bastante discutida nessa trama, pois os sentimentos mais primitivos do homem ressurgem e o caos prevalece.  Muitos outros livros de José Saramago chamam a nossa atenção. Caim e O Evangelho segundo Jesus Cristo, por exemplo, são leituras imperdíveis.     


9 - Dom Quixote, do escritor espanhol Miguel de Cervantes, é um clássico da literatura de ficção até hoje muito lido. A história bem construída trata das aventuras de Dom Quixote, um pequeno fidalgo castelhano que perdeu o interesse pela leitura de cavalaria e partiu para uma viagem com a finalidade de imitar os seus heróis, e Sancho Pança, amigo e companheiro fiel que tem uma visão mais realista do mundo. Nessas incursões os dois se envolvem em muitas fantasias, sempre desmentidas pela dura realidade. 

   
10 - Paraíso Perdido, do escritor inglês John Milton, é uma obra poética do século XVII, inspirada nos escritos do Gênesis. Satanás sabendo que uma nova raça tomará o lugar dos anjos rebelados resolve agir, tentando Eva no paraíso. A queda de Lúcifer e suas indagações em torno da figura de Deus e dos anjos é uma forma figurativa que John Milton tem de mostrar os sentimentos transgressores da humanidade sobre as imposições religiosas.