Essa postagem estará mais cheia de indagações do que de respostas. Tenho notado que o cinema no mundo, sobretudo o hollywoodiano, está cada vez mais alienante. Não sou uma romântica saudosista que pensa que antigamente era diferente, mas acredito que o número de filmes com uma trama densa tem diminuído a cada dia.
Em primeiro lugar observo que as adaptações de grandes obras literárias para o cinema estão saindo um verdadeiro fiasco. As tramas não são bem desenvolvidas e o que sobra é um espetáculo de explosões e pancadarias. O filme de Sherlock Holmes, por exemplo, apostou nessa fórmula repetitiva e deixou de enfocar a grande trama dedutiva que permeia os romances do escritor Conan Doyle. Não acho que a ação tenha estragado o filme, pois penso que seja até interessante ver um Sherlock Holmes mais ativo, já que o próprio Conan Doyle o descrevia como um perito em boxe, esgrima e outras artes marciais. No entanto, qualquer leigo percebe que faltou corpo e história na película.
Outra adaptação que não conseguiu sair do raso foi O corvo, apesar de ter sido um pouco melhor do que o filme Sherlock Holmes. O diretor tentou recriar em uma obra de ficção, os últimos dias do escritor Edgar Allan Poe, fazendo uma mistura de seus contos policiais e não os de terror e morte, que eram esperados ansiosamente pelo público. Não acredito que o "delito" tenha sido a escolha dos contos, mas a falta de condução da trama. Acredito que seria bem mais interessante ter optado por trabalhar apenas um conto, mostrando todos os detalhes da mente genial de Poe. Mas não foi o que ocorreu e o resultado foi um filme razoável, mas que muita gente saiu do cinema falando que a sensação era que estava faltando algo mais.
Adorno, que foi um filósofo da escola de Frankfurt, discutiu esses dilemas em seu livro Indústria Cultural e Sociedade. Apesar de trazer dados intrigantes, devo admitir que sua escrita é um tanto fatalista. Em alguns momentos ele comenta que existe um detrimento das sensibilidades artísticas. As pessoas estão mais interessadas na cultura imediatista e de fácil "degustação". Penso que por um lado ele pode está mesmo certo, mas essa visão de mundo pode ser elitista, pois ele valoriza o saber erudito em detrimento do popular. É nesse determinado momento da discussão que percebo que o mundo vive um grande impasse e me indago: No mundo globalizado ainda se pode falar em limites entre a cultura erudita e popular? Elas se relacionam com o poder econômico de que forma? Um pobre deve ser guiado a consumir o saber do rico e visse-vessa? Existe o saber do pobre e do rico ou tudo é uma questão de quem consegue o poder econômico e/ou intelectual?
Não gostaria de entrar nas discussões culturalistas, pois sei bem que todas as culturas podem coexistir. Nessa perspectiva, toda expressão cultural deve ser valorizada, até mesmo as mais tolas, pois são frutos da visão de mundo dos grupos sociais que as criam. Mas onde entra ai a cultura de massa, ou seja, aquela que é disponibilizada no mercado para agradar o maior número de consumidores? É neste ponto que as incertezas aumentam. Um teórico chamado Certeau, aponta em seu livro A invenção do cotidiano, que os homens sempre tiveram o poder de escolha de que bens culturais eles querem consumir. Pode ser que essa ideia faça sentido, mas ainda percebo que entretenimento virou sinônimo de alienação utilizada para o torpor social e cada vez mais o "mercado das variedades" diminui.
Enfim, não sou eu nem você que conseguirá resolver essas questões, mas a partir no momento em que muitas pessoas passam a pensar sobre elas, montam uma rede de ideias que podem chegar um dia a algum lugar. Boas adaptações literárias como O perfume, Ensaio sobre a cegueira e As horas, ainda existem, mas temos que pensar se elas terão espaço em curto espaço de tempo, pois a falência de grandes empresas cinematográficas devido à pirataria é evidente. O interessante é que o mercado sempre consegue arrumar novas estratégias para acabar com as táticas de "sequestro" de bens culturais feitas pelos consumidores. Vamos ver dessa vez o que acontece.
Em primeiro lugar observo que as adaptações de grandes obras literárias para o cinema estão saindo um verdadeiro fiasco. As tramas não são bem desenvolvidas e o que sobra é um espetáculo de explosões e pancadarias. O filme de Sherlock Holmes, por exemplo, apostou nessa fórmula repetitiva e deixou de enfocar a grande trama dedutiva que permeia os romances do escritor Conan Doyle. Não acho que a ação tenha estragado o filme, pois penso que seja até interessante ver um Sherlock Holmes mais ativo, já que o próprio Conan Doyle o descrevia como um perito em boxe, esgrima e outras artes marciais. No entanto, qualquer leigo percebe que faltou corpo e história na película.
Outra adaptação que não conseguiu sair do raso foi O corvo, apesar de ter sido um pouco melhor do que o filme Sherlock Holmes. O diretor tentou recriar em uma obra de ficção, os últimos dias do escritor Edgar Allan Poe, fazendo uma mistura de seus contos policiais e não os de terror e morte, que eram esperados ansiosamente pelo público. Não acredito que o "delito" tenha sido a escolha dos contos, mas a falta de condução da trama. Acredito que seria bem mais interessante ter optado por trabalhar apenas um conto, mostrando todos os detalhes da mente genial de Poe. Mas não foi o que ocorreu e o resultado foi um filme razoável, mas que muita gente saiu do cinema falando que a sensação era que estava faltando algo mais.
Adorno, que foi um filósofo da escola de Frankfurt, discutiu esses dilemas em seu livro Indústria Cultural e Sociedade. Apesar de trazer dados intrigantes, devo admitir que sua escrita é um tanto fatalista. Em alguns momentos ele comenta que existe um detrimento das sensibilidades artísticas. As pessoas estão mais interessadas na cultura imediatista e de fácil "degustação". Penso que por um lado ele pode está mesmo certo, mas essa visão de mundo pode ser elitista, pois ele valoriza o saber erudito em detrimento do popular. É nesse determinado momento da discussão que percebo que o mundo vive um grande impasse e me indago: No mundo globalizado ainda se pode falar em limites entre a cultura erudita e popular? Elas se relacionam com o poder econômico de que forma? Um pobre deve ser guiado a consumir o saber do rico e visse-vessa? Existe o saber do pobre e do rico ou tudo é uma questão de quem consegue o poder econômico e/ou intelectual?
Não gostaria de entrar nas discussões culturalistas, pois sei bem que todas as culturas podem coexistir. Nessa perspectiva, toda expressão cultural deve ser valorizada, até mesmo as mais tolas, pois são frutos da visão de mundo dos grupos sociais que as criam. Mas onde entra ai a cultura de massa, ou seja, aquela que é disponibilizada no mercado para agradar o maior número de consumidores? É neste ponto que as incertezas aumentam. Um teórico chamado Certeau, aponta em seu livro A invenção do cotidiano, que os homens sempre tiveram o poder de escolha de que bens culturais eles querem consumir. Pode ser que essa ideia faça sentido, mas ainda percebo que entretenimento virou sinônimo de alienação utilizada para o torpor social e cada vez mais o "mercado das variedades" diminui.
Enfim, não sou eu nem você que conseguirá resolver essas questões, mas a partir no momento em que muitas pessoas passam a pensar sobre elas, montam uma rede de ideias que podem chegar um dia a algum lugar. Boas adaptações literárias como O perfume, Ensaio sobre a cegueira e As horas, ainda existem, mas temos que pensar se elas terão espaço em curto espaço de tempo, pois a falência de grandes empresas cinematográficas devido à pirataria é evidente. O interessante é que o mercado sempre consegue arrumar novas estratégias para acabar com as táticas de "sequestro" de bens culturais feitas pelos consumidores. Vamos ver dessa vez o que acontece.