terça-feira, 22 de julho de 2014

WALTER BENJAMIN E A SUA RELAÇÃO COM A OBRA "EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO"

Em Busca do Tempo Perdido é uma coletânea de sete romances escritos pelo francês Marcel Proust, entre os anos de 1908 e 1922. O literato tinha a ambição de tentar apreender pela escrita a essência de uma realidade escondida no inconsciente. Um dos maiores leitores de Proust foi o crítico alemão Walter Benjamin. Em um dos seus escritos ele indaga-se: " Seria lícito dizer que todas a vidas, obras e ações importantes nada mais são que o desdobramento imperturbável da hora mais banal, mais sentimental e mais frágil, da vida do seu autor?". É o que parece sugerir esse que é um dos episódios principais do livro de Proust, narrado logo nas primeiras páginas de No caminho de Swann. 

Benjamin delibera que os sete volumes de Em busca do Tempo Perdido de Marcel Proust, são o resultado de uma síntese impossível, na qual a absorção do místico, a arte do prosador, a verve do autor satírico, o saber do erudito e a concentração do monomaníaco se condessaram numa obra autobiográfica. Já se disse, com razão, que todas as grandes obras literárias ou inauguram um gênero ou o ultrapassam, isto é, constituem casos excepcionais. Mas, mesmo entre elas, esta é uma das menos classificáveis. A começar pela estrutura, que conjuga a poesia, a memorialística e o comentário, até a síntese, com suas frases torrenciais, tudo aquilo excede a norma. Que esse grande clássico da literatura constitua ao mesmo tempo a maior realização literária das últimas décadas é a primeira observação, muito instrutiva, que se impõe ao crítico. 

Para Walter Benjamin, a imagem de Proust é a mais alta expressão fisionômica que a crescente discrepância entre poesia e vida poderia assumir. Sabemos que Proust não descreveu em sua obra uma vida como de fato foi, e sim uma vida rememorada por quem a viveu. O principal para o autor que rememora, não é absolutamente o que ele viveu, mas o tecido de sua rememoração. O acontecimento vivido é finito, ou pelo menos encerrado na esfera do vivido, ao passo que o acontecimento rememorado é sem limites, pois é apenas uma chave para tudo o que veio antes e depois. 

O que procurava ele tão freneticamente? O que estava na base desse esforço interminável? Seria lícito dizer que todas as vidas, obras e ações importantes nda mais são que o desdobramento imperturbável da hora mais banal e mais efêmera, mais sentimental e mais frágil, da vida daquele a que pertencem? E quando Proust descreveu, numa passagem célebre, essa hora sumamente individual, ele o faz de tal maneira que cada um de nós a reencontra em sua própria existência. Pouco falta para que a pudéssemos chamar de quotidiano, Ela vem com a noite, com um arrulho perdido, ou com o suspiro à balaustrada de uma aberta. 

Nem sempre proclamamos em voz alta o que temos de mais importante a dizer. E, mesmo em voz baixa, não o confiamos sempre à pessoa mais familiar, mais próxima e mais disposta a ouvir a confidência. Se, portanto, não somente as pessoas, mas também as épocas, têm essa maneira inocente, ou antes astuciosa e frívola, de comunicar seu segredo mais íntimo aos primeiro desconhecido, então, no que diz respeito ao século XIX, não foi Zola, mas o jovem Proust, o esnobe sem importância, que ouviu de passagem do século envelhecido as mais admiráveis confidências, afirma Benjamin. Somente Proust fez do século XIX um século digno de memória. 

O prefácio do primeiro volume foi feito por Mario Quintana. Ele nos convida para a leitura da obra com a sua persuasão de poeta: "Num monótono final de tarde de inverno, voltando para casa sozinho, o herói, já adulto, aceita tomar, contra seus hábitos, uma xícara de chá com um pequeno bolinho. Dessa pequena xícara sairá toda uma parte de sua infância que estava aparentemente sepultada. E nós, leitores, podemos imaginar o crepúsculo de nossa existência, uma espécie de fim de tarde de nossas vida em que, voltando para casa um pouco desanimados com mais um dia que se passou e com a triste perspectiva do dia que ainda virá, aceitamos das mãos de um amigo um livro que ele insiste em nos indicar com inexplicável veemência: Em busca do tempo perdido". 

Volume I - No Caminho de Sawann



Volume II - À sombra das raparigas em flor


Volume III - O caminho de Guermantes 


Volume IV - Sodoma e Gomorra


Volume V - A prisioneira 


Volume VI - A fugitiva


Volume VII - O tempo reencontrado 


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